terça-feira, 6 de maio de 2008

O Norte da Escócia...

Acho que se me pedissem para resumir o norte da Escócia (Highlands como lhe chamam aqui) três palavras seriam decerto incluidas neste resumo:

- Montanhas
- Lagos
- Ovelhas

Muitas montanhas e ovelhas há para estes lados :)
Pois as ovelhas são tantas que tem que ser consideradas em muitas situações de estrada como peões, isto quando elas não pensam que a estrada é toda delas, (que também aconteceu) e o pessoal tem que encostar para deixar passar as ovelhas gordas com os seus cús barzabús!! Enfim, vamos começar de principio.
Desde que vim para aqui que toda a gente confirma que a parte mais bonita da Escócia são as highlands. O amigo Tiago, que no ano passado me visitou depois de uma roadtrip por lá, vinha carregado de boas histórias e descrições de belezas naturais a não perder. Assim sendo o objectivo de dar um pulinho a essa região foi ficando cada vez mais marcado! Entretanto com o inverno a coisa acalmou, pois a neve, o frio, e os dias cada vez mais pequenos impossibilitavam qualquer viagem. Até que Abril entra, os dias ficaram maiores e o tempo deu umas tréguas. E, depois de um belo roadtrip ao Sul da Escócia que abriu o apetite para mais, lá os pombinhos começaram a tomar atenção ao tempo a Norte, que com muita sorte fica totalmente bom...
Ora um belo dia, toma-te!!! Previsão de um fim de semana solarengo e com temperaturas acima dos 10ºC (que é o limiar do calor abrasador por estas bandas). No sábado as 7:30h estávamos de malas feitas para partir. O plano da viagem, como já vai sendo costume nos meus posts, é retratado no google earth. De máquina fotográfica nova na mão (a velha tinha pifado na outra viagem) estava pronto para fotografar as paisagens que me iam aparecendo! E foram tantas...
A primeira paragem foi Loch Lomond. Já tinha dedicado há uns posts atrás umas linhas a este lago da Escócia, mas o que é um facto é que não o vimos como desta vez. O céu nublado e cinzento e a chuva da outra vez, deram lugar a um dia de primavera lindo.

Depois veio Glencoe. Este é o mais famoso Glen (vale) da Escócia. É um local famoso para os amantes do ski, escalada e trekking. Foi também, para os interessados, um dos cenários do filme "Harry Potter e o Prizioneiro de Azkaban". As paisagens são incriveis, e para se chegar a pequena vila de Glencoe nas margens do Lock Leven temos que atravessar uma estrada que fica no meio de um vale glaciar que "rasga" aquelas montanhas ao meio! Imaginem... As fotos que aqui ficam não conseguem descrever 1/3 da sensação de passar num lugar assim.
Passados mais uns quilómetros, e muitas fotografias, o Ben Nevis foi a nossa próxima paragem.
Ben (montanha) Nevis é a montanha mais elevada da Grã-Bretanha, e também ela é um ponto obrigatório para alpinistas e caminhantes nestas paragens. Nós não tivemos lá em cima, pois é preciso, para além de um guia, bastante preparação física e umas boas 8h a subir, mas está nos meus planos, e qualquer dia deste vai haver um post dedicado a subida do Ben Nevis.
Existem duas formas de entrar na ilha de Skye, ou de ferry através de Mallaig ou através da ponte de Lochalsh. Nós preferimos a ponte para passar em mais um Glen de fazer respeito, Glen Shiel. Há medida que subiamos o tempo foi-se começando a enublar, e quando passamos por Glen Shiel as muitas nuvens já tapavam o céu e não anteviam nada de bom. Mas quanto mais nos aproximavamos da ilha de Skye, local onde pernoitámos nesse dia o sol vencia as nuvens, e uma linda tarde nos aguardava. Passamos pelo castelo de Eilean Donan nas margens do Loch Duich, outra atracção turística da Escócia, e que parece construido em lego. E pouco tempo depois a ponte para Skye já se avistava.
O nosso poiso em Skye chamava-se "Saucy Mary's". O dono era um gajo todo descontraido, que depois de termos pago o alojamento e largado as malas no quarto, nos indicou logo um sitio onde comer.
Mais valia ter ficado calado. Lá fomos pelos conselhos dele, lá fizemos uma refeição...vamos dizer, escocesa de mais para o nosso gosto e estômago refinados...
Depois do almoço, seguiu a primeira parte da exploração de Skye, a parte sul da ilha! Mais relaxados partimos a descoberta. Munidos de GPS (que pouco ajudou) logo andamos perdidos para tentar encontrar um castelo que o nosso guia da Escócia (emprestado pelo amigo Tiago) nos aconselhava. Entramos por estradas secundárias em que mal cabia lá um carro, e no meio de ovelhas e cabras que saiam de todos os lados, lá conseguimos chegar á civilização e demos com o abençoado castelo, que por ironia do destino, era uma ruina. Tinha ardido há uns anos atrás.
Sorte, e que a porteira do castelo, visto já se estar a aproximar a hora de fechar, nos deixou entrar na propriedade sem pagar...porque senão tinham as libras que começar a funcionar aussi.
O resto do sul da ilha é um misto de montanhas e mar. Os tons de castanho escuro e a luz do sol dão-lhe um ar térreo muito acentuado...uma beleza diferente da que nos relata os guias e as várias páginas da internet que visitamos na preparação da viagem. A primavera tinha começado à pouco.
O dia de Sábado terminou com um por do Sol algures na ilha, e o estômago a pedir carvão!! E nada pior para quem está com fome do que jantar caro e a comida não prestar. Foi o que se passou. Paramos no caminho da pousada num hotel para comer, e depois de o dono nos questionar acerca da nossa nacionalidade e dizer que tinha havia 2 portuguesas lá (uma empregada outra hospede) lá nos serviu um dos piores jantares que já comi, arroz de cogumelos (que, pela descrição no menu era o que de melhorzinho lá havia). Um arroz insonso, os cogumelos a nadar em natas em cima do arroz, e voilá ali estava o nosso jantar. Arghhhh!
O dia de domingo amanheceu cedo para os viajantes. Ainda nos restava uma boa parte do percurso para fazer, e tinhamos que começar quanto antes. Com muito esforço por parte da Catarina lá houve o compromisso para o relógio tocar às 06:30h para no máximo as 7:30h rumarmos em direcção a Portree, a ao norte de Skye.
Portree é a maior cidade de Skye, e fica numa baía no centro da ilha. Como chegamos muito cedo não havia ninguém na rua, mas pelo tamanho do sitio também não parece que viva lá muita gente. É um local mais procurado para férias. No entanto não podemos deixar de visitar o ponto de referência de Portree segundo o nosso guia. O porto colorido!
A paragem em Portree foi curta, e logo nos fizemos à estrada. Havia ainda muito que ver na ilha, e depois no continente. As paragens seguintes foram no Storr (um planalto basáltico que devido à erosão se ergue a 49m do solo) no Quiraing (mais malandrices da erosão que pôs a nu mais um planalto vulcânico), a queda de água de Kilt Rock, um penhasco de colunas de basalto hexagonais cujo nome deriva da sua semelhança com os padrões do tradicional traje escocês. A volta à ilha completou-se ainda durante a manhã, e, depois de passarmos na pousada para entregar a chave, rumamos a Inverness e ao Lago Ness.
No caminho fomos aos poucos notando que a paisagem natural já se suavizava mais um pouco, e até era possível encontrar florestas e planícies onde o famoso gado das Highlands (uhhhh angus que delicia) na paz ia pastando. E passadas poucas horas (sim, porque desta fez já não tirei fotos), e um bom almoço (para variar nesta viagem) o lago Ness estava perante nós!
O lago Ness está rodeado de misticismo. Históricos avistamentos de um suposto monstro pré-histórico, que muitos defendem que por lá se esconde, até fotografias do suposto animal (cuja veracidade se põe em causa) alimentam a lenda do Nessie. Esta lenda para além de alimentar os cofres do governo escocês (que por sua fez me pagam no final do mês) através das receitas do turismo, já deu azo a várias expedições cientificas em busca da veracidade ou não do referido animaleco.
A viagem continuou até Inverness, onde decidimos passar pouco tempo a passear para podermos evitar a autoestrada para Glasgow, e tomar um caminho mais bonito, sugerido pela empregada do restaurante onde tinhamos almoçado. E que bela sugestão!
Mas antes quisemos passar pelo Cawdor Castle, casa da personagem Macbeth de Shakespeare, e um dos castelos mais românticos das Highlands. E dar com aquilo? Quantas voltas ás rotundas, quantas vezes fomos para trás e para a frente à procura da indicação. Quando finalmente encontramos alguém para perguntar, tivemos a noticia que estava encerrado para recuperação. Pumba! Ainda tentamos por lá passar, para mesmo ao longe tirar uma foto. Mas como quase todos os castelos daqui, este também estava bem escondidinho, ainda assim não se tirem fotos sem se pagar bilhete!! Forretas dos escoceses!!!
Ora e já nos dirigindo para sul, e seguindo a sugestão de irmos por um caminho mais agradável à vista que a autoestrada, fizemos outra das partes mais bonitas da viagem, atravessamos o Parque Nacional das Cairngorms! Mais montanhas! Este pedaço da viagem, para além das paisagens, permitiu-nos ainda tomar contacto com neve e com um casal japonês que no meio daquele nada andava a procura de uma bomba de gasolina...de mapas na mão! Abençoado GPS!
Com a noite a aproximar-se a passos largos, subimos até Glenshee e descemos em direcção a Perth. Entre Glenshee e Perth também fizemos um troço de caminho bonito, com muitas florestas e rios. Deixou vontade de por lá passar novamente.
De Perth a Glasgow foi um saltinho na autoestrada, com o qual acabou o nosso passeio pelas Highlands. Vimos muita coisa, mas ainda mais ficou por ver!

Ahhh e podem perguntar vocês: "Atão mas oh João pá, montanhas e lagos mostraste, então e as ovelhas???" Pois aqui ficam duas fotos das ditas cujas, mas muitas mais existem:




Comentário da minha amiga Lisa da Nova Zelândia: "Tu não sabes o que é muita ovelha!!! Eu moro no país em que por cada habitante há 10 ovelhas."

MEDO

1 comentário:

maryspub disse...

João,

meu nome é Mariana, estou no Brasil e li seu blog. Quero visitara Ilha de Skye no inverno. O que você acha? Qual época do ano você viajou? Agradeço o contato! marianabacil@gmail.com
Abraço!